O Mosteiro de Leça do Balio, situado na margem do rio Leça, e a poucos quilómetros da cidade do Porto, é considerada a primeira casa dos Freires-Cavaleiros da Ordem Militar do Hospital.
O surgimento da Ordem Militar do Hospital é dificilmente dissociado das vivências da época, caraterizada pelo espírito de Cruzadas e Guerra Santa. Diretamente dependente da Santa Sé, esta ordem conheceu uma rápida proliferação por toda a Cristandade Medieval e carateriza-se pela prestação de cuidados aos peregrinos que se dirigiam à Terra Santa, e à proteção dos fiéis ao longo percurso.
É durante a Reconquista do território aos Muçulmanos que se enquadra a doação feita por D. Teresa à Ordem do Hospital do território de Leça do Balio. A referência documental mais antiga, que diz respeito a um anterior templo de caraterísticas românica, remonta, porém, ao ano de 1003. Esta doação é posteriormente reforçada pela Carta de Couto de 1140, atribuída por D. Afonso Henriques.
Um dos momentos marcantes da história de Portugal que têm como palco o Mosteiro de Leça do Balio, é o casamento de D. Fernando e Dona Leonor Teles a maio de 1372.
Sede de Priorado da Ordem até meados do século XVI, Leça do Balio era uma Comenda, cujos núcleos patrimoniais se localizavam a Norte do Rio Douro. O caso da Comenda de Leça ganha um novo significado pois a integração desta estrutura assistencial neste território coincide com circuitos dos caminhos de Santiago. A Ponte de Pedra, que faz a passagem entre as duas margens do Rio Leça, e localizada nas imediações do Mosteiro de Leça do Balio, e da Via Romana que ligava Lisboa ao Porto, e daqui a Braga, era local de passagem dos cristãos que iam em peregrinação ao Apóstolo Tiago. Este destino de peregrinação seria uma alternativa à longínqua Terra Santa, o que atrairia numerosos fiéis a este local e que necessitariam de cuidados assistenciais prestados pelos Hospitalários.
A construção gótica que hoje conhecemos é dos inícios do século XIV, altura em que o governo desta instituição estava ao encargo de Frei Estêvão Vasques Pimentel. Permaneceu no governo da Ordem até à implementação do Liberalismo em 1834, altura em que se decretou o fim das ordens religiosas em Portugal.
Ao contrário da Igreja, o Mosteiro conheceu uma fase de ruína, que culminou com a aquisição deste espaço pelo Engenheiro Ezequiel de Campos, que empreendeu importantes obras de restauro. Ao longo do século XX foi alvo de algumas intervenções, conferindo o aspeto atual do mesmo. O Mosteiro de Leça do Balio é classificado Monumento Nacional desde 1910.